segunda-feira, maio 26, 2014

CNBB critica decisões de Barbosa no julgamento do Mensalão


O secretário-executivo da Comissão Brasileira Justiça e Paz da CNBB, Pedro Gontijo, critica as determinações do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, que resultaram no cancelamento do direito ao trabalho externo a condenados no mensalão. Segundo ele, o sistema judiciário brasileiro “não pode trabalhar com a lógica da vingança”.

Para Gontijo, as decisões de Barbosa vão de encontro ao princípio de ressocialização do sistema prisional brasileiro. Ainda de acordo com o dirigente, existe o risco de um “efeito cascata”. A preocupação da CNBB, diz ele, é que outros juízes adotem pensamento semelhante e também revoguem o trabalho externo de condenados no regime semiaberto.

“A nova motivação a partir do evangelho é que precisamos recuperar as pessoas. Não podemos trabalhar com a lógica da vingança”, disse Gontijo. Na quinta-feira, a CNBB divulgou uma nota condenando as decisões de Barbosa, afirmando que a Comissão Brasileira de Justiça e Paz “tem a firme convicção de que as instituições não podem ser dependentes de virtudes ou temperamentos individuais”.

Nesta semana, a Comissão Brasileira Justiça e Paz da CNBB divulgou uma nota criticando a revogação do trabalho externo. De onde partiu essa ideia?Existem duas questões. De um lado, condenamos uma realidade existente no sistema penal brasileiro que acaba por punir mais aos negros e aos pobres. Do outro, tememos que a decisão possa se estender a outros apenados em todo o Brasil: a aqueles que teriam direito de fato ao trabalho externo mas posam tem problemas para conseguir esse benefício.

Assim como a Ordem dos Advogados do Brasil, o medo é que ocorra um efeito cascata?
A nossa preocupação é que o sistema prisional brasileiro não tem buscado a ressocialização. A nova motivação a partir do evangelho é que precisamos recuperar as pessoas. Não podemos trabalhar com a lógica da vingança.

Na nota, vocês chamam a decisão do presidente do STF de “personalista”. Como assim?
A norma interna (da Justiça) não é personalista. E esse fato que se viu com a ação penal 470, instiga a radicalização do sistema prisional

Mas o trabalho de garantia de direitos dos apenados vai além disso?
Existe muito desrespeito no sistema penal brasileiro. O exemplo é o sistema de revista vexatória nos presídios. É algo bárbaro. Sob a justificativa de se garantir a segurança, as pessoas são submetidas a situações humilhantes. Nos aeroportos, existem as revistas e nem por isso elas são humilhantes e mesmo assim são detectadas armas e drogas com alguns passageiros.

Além das manifestações públicas com a nota oficial, como a comissão tem lutado para atenuar as condições do sistema prisional brasileiro?
Temos realizado encontros com a sociedade civil e, nos últimos três anos, debatido incisivamente por uma reforma do judiciário.

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