Nasceu em São Miguel do Tapuio (Altos-PI), era
um índio Arani e ficou órfão de pai e mãe aos 12 anos de idade, e que fora
recolhido ao aldeiamento cariri do Boqueirão, a 70 léguas de Recife, para
estudar e ser cristianizado pelos religiosos da Ordem dos Capuchinhos, logo
fora batizado. Sem esconder o ódio aos brancos que haviam exterminado a sua
família e seu povo, seu sentimento se tornaria ainda maior quando presencia os
mestres que o educavam queimarem os ídolos, vestimentas e outros objetos de
adoração de seu povo, após isso, fugiu do aldeiamento e uniu-se a vários
indígenas cariris que buscavam o vale do Longá, no Piauí, no meio do caminho
foi aprisionado e vendido como escravo para um criador de gado que com o passar
do tempo conquista a sua confiança trabalhando muito tempo como
escravo-vaqueiro. Como condutor de boiadas, conhece várias tribos da região,
até que em uma de suas viagens de rotina, no ano de 1712, se revolta ao
presenciar uma índia sendo brutalmente morta por soldados portugueses.
Inconformado com essa cena, ele consegue reunir vários índios, retornando ao
local, exterminando toda a guarnição militar. A partir daí inicia-se sua fase
de liderança indígena.
A revolta
A pecuária desempenhou papel importante na economia
colonial, pois além da carne utilizada na alimentação humana, os bovinos também
forneciam o couro aproveitado de diversas maneiras, além de servirem como meio
de transporte nas zonas mineradoras. Mas uma carta régia de 1701proibiu a
criação do gado numa faixa de 10 léguas a partir do litoral, já que as extensas
áreas destinadas à pastagem seriam mais lucrativas se utilizadas na cultura de
cana, matéria-prima na produção açucareira. Com isso as fazendas de gado se
multiplicaram pelo interior, invadiram os férteis terrenos marginais do rio Parnaíba, no Piauí, provocando assim, e mais uma vez, a
expulsão das nações indígenas. O movimento iniciou-se pelo assassinato do
fazendeiro Antônio da Cunha Souto, pelos indígenas, revoltados com a crueldade dele.
A partir daí, o movimento contra os fazendeiros, liderado por Mandu
Ladino, da tribo dos Cariris, batizado e educado pelos jesuítas nacapitania de Pernambuco, ganhou fôlego, estendendo-se
pelo sertão do Maranhão, do Piauí e alcançando o
do Ceará. Muitos portugueses morreram e muitas fazendas
foram arrasadas nessas regiões.
Com o auxílio dos aldeamentos jesuítas da região
da serra da Ibiapaba, onde predominavam os Tabajaras, os fazendeiros portugueses organizaram uma grande
expedição contra os revoltosos. Desse modo, partiu do Maranhão, em 1716, uma
expedição chefiada por Francisco Cavalcante de Albuquerque à qual se uniu o
Mestre-de-Campo da capitania do Piauí, Bernardo de Carvalho Aguiar. Mandu Ladino, entretanto, logrou escapar a estas
forças, que entretanto, chacinaram os Aranis.
O movimento extingui-se com a morte por afogamento,
nas águas do rio Parnaíba, do seu líder.