O diretório nacional do PSOL aprovou por unanimidade na última segunda-feira, em São Paulo, a suspensão de integrantes do partido que estão engajados na criação da Rede Sustentabilidade, da ex-ministra de Meio Ambiente Marina Silva. A decisão afeta diretamente a ex-senadora Heloísa Helena, o vereador do Rio Jefferson Moura e o membro da executiva Martiniano Cavalcante. Os três, no entanto, já haviam se afastado da legenda para se dedicar à Rede. O PSOL estuda lançar o deputado federal Chico Alencar à Presidência em 2014.
o presidente nacional do PSOL, deputado federal Ivan Valente, criticou os companheiros de partido e, principalmente, Marina Silva. Segundo o parlamentar, a ex-ministra está utilizando de maneira "pragmática" a Rede com o objetivo apenas de disputar as eleições do ano que vem contra a presidente Dilma Rousseff (PT) e o senador Aécio Neves (PSDB).
- Apesar desses membros do PSOL terem um histórico positivo no campo ético, a maioria do partido decidiu pela suspensão. (A criação da Rede) É uma maneira pragmática da Marina de entrar na disputa presidencial contra PT e PSDB. A Rede não tem programa (de governo). O partido não tem uma posição política definida - atacou Valente.
Chico Alencar lembrou que não se trata de expulsão, mas, sim, de evitar que Heloísa Helena, Jefferson Moura e Martiniano Cavalcante participassem de reuniões do PSOL.
- Não é cabível que pessoas que estão no processo de criação de outro partido esteja participando das reuniões. Ninguém foi expulso. Mas não é possível seguir o rio com um pé em cada canoa - disse Alencar.
O deputado ressaltou que, por enquanto, não é o momento de se falar nas eleições de 2014:
- Não vamos colocar a carroça na frente dos bois. Estamos preocupados com um esboço programático. Se Dilma, Aécio, Marina e (o governador de Pernambuco) Eduardo Campos estão com essa pressa, nós não estamos. Um passo de cada vez. Vamos ouvir primeiro a militância.
Em um dos trechos da resolução do PSOL, diz que o novo partido de Marina é "ideologicamente invertebrado":
"A nova legenda (Rede Sustentabilidade) unirá parlamentares de diferentes partidos (do PSDB ao PT), lideranças ambientais e populares, grandes empresários e caciques políticos de diferentes estados. Propondo-se um espaço amplo, capaz de unir posições tão conflitantes, o novo partido não terá um perfil de esquerda. Sofrerá as tensões de conviver com indivíduos progressistas e lideranças conservadoras e será incapaz de encarnar uma alternativa popular de enfrentamento os dez anos de lulo-petismo. Enfim, tende a amparar-se no discurso da ética, da sustentabilidade e da “nova política” sem, contudo, contrapor-se ao projeto do bloco dominante. Já se apresenta como um partido ideologicamente invertebrado, sem programa de mudanças estruturais, com uma posição ideológica indefinida".
Em sua página na rede social, Milton Temer, integrante do PSOL, disparou contra os colegas de legenda:
- Executiva do PSOL decide por suspensão de "marineiros", garantindo-lhes direito de defesa na reunião do Diretório Nacional, mas esperando que tenham a dignidade de buscar seus caminhos outros por iniciativa própria. Reitero, pessoalmente: porta de saída é serventia da casa. Bem idos.
Jefferson Moura, que está ajudando no recolhimento assinaturas para criar a Rede, rebateu as críticas:
- Lamento. Espero que a direção nacional do PSOL reveja a decisão. Estou ajudando a construir a Rede. Foi o mesmo processo vivenciado pelo então deputados do PT quando optaram pelo PSOL para lançar a candidatura da Heloísa Helena à Presidência em 2006.
Braço direito de Marina Silva e de malas prontas para deixar o PV rumo à Rede, o deputado federal Alfredo Sirkis evitou polemizar:
- Não faz sentido polemizar com o PSOL a criação da Rede. Eles só reforçam um pensamento leninista de trabalhar com energias negativas. Acreditamos na biodiversidade. Que bom que exista o PSOL para ter pessoas com pensamentos como os deles. Quem bom que vá existir a Rede com pensamentos parecidos com o nosso.